Essa semana li no blog do além da poupança (https://alemdapoupanca.blogspot.com.br) que o livro "Warren Buffet e a análise de BALANÇOS" sumiu das livrarias, e quem os tem, está pedindo mais de R$ 200,00 pelo pequeno livro de 158 páginas.
O livro realmente é muito bom, principalmente para quem está começando a investir ou deseja conhecer os conceitos utilizados pelo maior investidor pessoal do mundo, Warren Buffet, para a escolha de seus investimentos.
Como forma de contribuir com a comunidade da "finansfera", estarei postando durante as próximas semanas os capítulos do livro.
Boa Leitura:
CAPÍTULO 1
A grande revelação que fez de Warren Buffett a pessoa mais rica do mundo
Para entender esta grande revelação, precisamos compreender a natureza das Bolsas de Valores e de seus maiores players. Embora preste muitos serviços para empresas, nos últimos 200 anos Wall Street também tem funcionado como um grande cassino no qual jogadores, ao modo dos especuladores, fazem grandes apostas na direção das cotações das ações.
Em seus primórdios, alguns desses jogadores obtiveram grande riqueza e proeminência. Tornaram-se personagens interessantes sobre os quais as pessoas adoravam ler na imprensa especializada. O grande "Diamond" Jim Brady e Bernard Baruch foram apenas alguns dos que chamaram a atenção do público como grandes investidores de sua época.
Em tempos modernos, os investidores institucionais - fundos mútuos, fundos hedge e sociedades de investimentos - substituíram os grandes especuladores de antigamente. Os investidores institucionais se "vendem" para os clientes como analistas de ações altamente capacitados, alardeando seus resultados anuais como iscas publicitária para um público míope e ávido por enriquecer rapidamente.
Em geral, os especuladores do mercado acionário tendem a ser inconstantes, comprando quando as notícias são boas e caindo fora quando são ruins. Se a ação não avança em alguns meses, eles a vendem e saem à procura de outra.
Os melhores jogadores dessa nova geração desenvolveram programas de computador complexos a fim de medir a velocidade em que uma cotação está subindo ou caindo. Se as ações de uma empresa estão subindo rápido o bastante, o computador compra; se estão caindo rápido, o computador as vende. Isso cria muita movimentação de compra e venda de milhares de ações diferentes.
Não é incomum para esses investidores informatizados comprar uma ação num dia e vendê-la no dia seguinte. Gestores de fundos hedge usam esse sistema e podem ganhar muitíssimo dinheiro para seus clientes. Mas há uma cilada: eles também podem perder altas somas. E, quando perdem dinheiro, os clientes (se ainda tiverem algum dinheiro sobrando) pegam o que sobrou e vão embora à procura de um novo analista que escolha ações para eles.
Esse frenesi especulativo de compra e venda vem acontecendo há muito tempo. Uma das maiores agitações de todos os tempos, na década de 1920, fez com que as cotações das ações chegassem á estratosfera. Mas, em 1929, veio a quebra da Bolsa, levando as cotações a despencar.
No início da década de 1930, um jovem e empreendedor analista de Wall Street chamado de Benjamin Graham percebeu que a maioria dos mais famosos investidores em ações não dava a mínima importância para os aspectos econômicos de longo prazo das empresas que estavam comprando e vendendo. O único fator relevante era se as cotações das ações estavam, no curto prazo, subindo ou caindo.
Graham também percebeu que, quando estavam dominados por seu frenesi especulativo, aqueles investidores às vezes faziam com que as cotações subissem até atingir níveis ridículos em relação às realidades econômicas de longo prazo do mercado em que as empresas atuavam. Também percebeu que aqueles mesmos famosos investidores às vezes provocavam a queda das ações a níveis insanos que, da mesma forma, não levavam em conta as perspectivas de longo prazo das companhias. Era nesses níveis insanamente baixos que Graham via uma oportunidade fantástica para ganhar dinheiro.
Ele chegou à conclusão de que, se comprasse aquelas "empresas subvalorizadas", com cotações abaixo de seu valor intrínseco de longo prazo, o mercado acabaria por reconhecer o seu erro e as reavaliaria para cima. Depois que isso acontecesse, ele poderia vendê-las com lucro. Essa é a base do que conhecemos hoje como investimento em valor. Graham foi o pai desse paradigma de investimento.
O que temos de perceber, no entanto, é que ele, na verdade, não se importava com o tipo de empresa que estava comprando. Em seu mundo, toda companhia tinha um preço no qual se tornava uma barganha. Quando começou a praticar o investimento em valor nos idos da década de 1930, ele se concentrava em achar empresas que estivessem sendo negociadas a menos da metade do valor que elas tinham em caixa. Ele chamava isso de "comprar um dólar por 50 centavos". Também aplicava outros parâmetros, como nunca pagar mais do que 10 vezes o lucro de uma empresa e vender a ação se ela subisse 50%. Se não subisse em dois anos, ele a vendia de qualquer jeito. Sim, a sua perspectiva era um pouco mais longa do que a dos especuladores de Wall Street, mas, na verdade, ele não tinha interesse algum na situação da companhia dali a 10 anos.
Buffett aprendeu sobre investimentos em valor com Graham na Universidade de Columbia, na década de 1950, e depois, pouco antes deste se aposentar, foi trabalhar para ele como analista em sua firma em Wall Street. Lá, Buffett trabalhou ao lado do famoso investidor em valor Walter Schloss, que ajudou a instruir o jovem Warren na arte de identificar situações de subvalorização, recomendando a leitura das demonstrações financeiras de milhares de empresas.
Depois que Graham se aposentou, Buffett voltou para a sua Omaha natal, onde teve tempo de pensar sobre a metodologia de Graham longe da multidão enlouquecedora de Wall Street. Durante esse período, percebeu algumas coisas inquietantes nos ensinamentos de seu mentor.
A primeira era que nem todas as empresas subvalorizadas de Graham eram reavaliadas para cima; algumas, na verdade, acabavam indo à falência. Em cada grupo de companhias vencedoras, também havia umas poucas perdedoras, que reduziam muito o desempenho geral. Graham tentava se proteger dessa situação com uma carteira de ações amplamente diversificadas que, muitas vezes, continham 100 empresas ou mais. Ele também adotava uma estratégia e se livrar de qualquer ação que não subisse depois de dois anos. Mas, no fim das contas, muitas de suas "ações subvalorizadas" permaneciam subvalorizadas.
Buffett descobriu que um punhado de organizações que ele e Graham haviam comprado e posteriormente vendido por causa da regra dos 50% continuavam a prosperar ano após ano; ao mesmo tempo, constatou que as cotações das ações dessas empresas estavam muito mais altas do que no momento em que Graham as havia vendido. Era como se eles tivessem comprado passagens para uma viagem de trem até Bonança, mas tivessem saltado bem antes de terem chegado à estação porque não sabiam para onde o trem estava indo.
Buffett decidiu que podia melhorar o desempenho do seu mentor aprendendo mais sobre a economia empresarial daquelas superestrelas". Então, começou a estudar as suas demonstrações financeiras, tentando entender o que as tornava investimentos de longo prazo tão fantásticos.
Ele descobriu que todas aquelas "superestrelas" se beneficiavam de algum tipo de vantagem competitiva que criava uma situação econômica semelhante a um monopólio, possibilitando que elas cobrassem mais ou vendessem mais produtos. Dessa maneira, ganhavam muito mais dinheiro do que as concorrentes.
Buffett também percebeu que, se a vantagem competitiva de uma empresa pudesse ser mantida por um período longo - se fosse "durável" -, então o seu valor subjacente continuaria a aumentar ano após ano. Por causa de um aumento contínuo do valor subjacente da empresa, fazia mais sentido para Buffett manter o investimento pelo maior tempo possível, tendo maior oportunidade de lucrar com a sua vantagem competitiva.
Ele também percebeu que o mercado - por meio dos investidores em valor ou dos especuladores, ou de uma combinação dos dois - reconheceria em algum momento futuro o aumento do valor subjacente da companhia e empurraria a cotação de suas ações para cima. Era como se a vantagem competitiva durável da empresa tornasse aqueles investimentos uma profecia que se realizava sozinha.
Havia mais uma coisa que Buffett considerava anda mais mágica do ponto de vista financeiro. Como tinham modelos de negócios tão fantásticos a seu favor, não havia chance de aquelas companhias algum dia declararem falência. Isso significava que, quanto mais para baixo os especuladores de Wall Street jogassem a cotação das ações, menor seria o risco de ele perder seu dinheiro ao comprar uma participação. A cotação mais baixa das ações também significava maior potencial de valorização e obtenção de ganhos. E quanto mais tempo ele mantivesse aquelas participações, mais tempo teria para aproveitar as ótimas condições econômicas subjacentes daquelas empresas.
Tudo isso era uma contradição completa da máxima de Wall Street de que, para maximizar seus ganhos, você precisava aumentar o risco subjacente. Buffett havia descoberto o Santo Graal dos investimentos: um investimento no qual, enquanto seu risco diminuía, o seu potencial de ganhos aumentava.
Para facilitar ainda mais as coisas, Buffett percebeu que não precisava mais esperar que Wall Street oferecesse uma barganha. Ele podia pagar um preço justo por uma daquelas superempresas e, ainda assim, sair ganhando, contanto que mantivesse o investimento por tempo suficiente. E, para acrescentar a cereja a um bolo já delicioso, percebeu que, se mantivesse o investimento no longo prazo e nunca o vendesse, podia efetivamente adiar os impostos sobre ganhos de capital para um futuro distante, permitindo que o seu investimento ficasse isento de impostos ano após ano enquanto fosse mantido.
Vejamos um exemplo: em 173, Buffett investiu US$ 11 milhões na The Washington Post Company, um jornal com uma vantagem competitiva durável, e até hoje permanece fiel a esse investimento. Em 2008, 35 anos depois, o seu valor cresceu até atingir estratosférico US$ 1,4 bilhão. Nada mal em investir US$11 milhões e ganhar US$ 1,4 bilhão! E a melhor parte é que, por nunca ter vendido uma única ação, Buffett ainda não pagou um tostão sequer de imposto sobre seu lucro.
Graham, por outro lado, com sua regra dos 50%, teria vendido o investimento de Buffett na Washington Post em 1976, por aproximadamente US$ 16 milhões, e teria pago um imposto sobre ganhos de capital (o lucro). Pior ainda, os renomados analistas de ações de Wall Street provavelmente teriam comprado e vendido essas ações mil vezes nos últimos 35 anos para obter ganhos intermitentes de 10% ou 20%, pagando impostos a cada venda. Mas Buffett aproveitou o investimento para obter o excepcional retorno de 12.460% e, até hoje, ainda não pagou nenhum tostão de imposto sobre seu ganho de US$ 1,4 bilhão.
Olá Viking!
ResponderExcluirMuito obrigado por compartilhar esta obra! Tá difícil achar este livro num preço justo.
Abraço!